30 de outubro de 2012

Carta de Aviso.


Entretanto se perdeu
De "quando-em-quando" o olhar
Mútuo e subliminar

Corações alados, deixados de lado
Com uma rede, presos.
Inevitável coagular.

Pergunte a mim
Por que? Por que? Por que?
Por que eu sou quem sou,
Igual à Ti?

Contudo, em Tudo, se falou,
Que nada é. Eles se equivalem.
E no passado (a)-parece tudo
E no presente, tudo não é.

Confundido com Tudo escrito
Não tem mais beleza
Simplesmente ignore
Deixe evaporar

Se não se sente
Ou sente e, prende
Não acontece e, se perde
Como me perdi ao escrever.

Por Aslien.

26 de fevereiro de 2012

{ ... }

Já era a terceira vez na semana que ela dormia, diante daquele silêncio, dos ventos mornos de uma tarde úmida e, acordava ainda dia. A sensação, de não mais silêncio, mas vazio completo.  O coração acelerado e o pôr-do-sol era o único a presenciar aquela indesejada calmaria da alma, um marasmo enjoado dentro dela...
O pôr-do-sol a observava com a face rosada. Seria de vergonha? Aquela sensação de quem te olha de longe... Enquanto você não percebe... E quando você se dá conta o olhar desvia.
A vergonha logo apareceu em sua própria face, vergonha da sua solidão, da sua ingenuidade... Como um ser humano que sente em seu mais profundo íntimo a sensação de falta, de espera, de ânsia, de medo e querer. Como quem se deixa abater pelos mais ínfimos acontecimentos, como um ser extremante frágil diante da imensidão do nada que é apresentado todos os dias, de diversas formas.
O nada é o ataque à nossa sanidade, à nossa natureza carente.
Ela então olhou o céu tímido, onde aos pouquinhos foi ofuscando as nuvens e deixando ela sem que nada pudesse fazer a não ser, talvez, buscar as estrelas pra que ela, da janela, pudesse ter a quem olhar nos olhos sem medo.

Por Aslien.

25 de janeiro de 2012

Pulsação.

Bem ali eu estava sentada, de pernas cruzadas, perdida em meus devaneios.
Um lápis na mão. O sol, ao céu pulsando no meu rosto quando olhei pra cima com o rosto franzido. Você se aproximava com as mãos no bolso, despreocupados com o cabelo que tapava quase totalmente seus olhos.
Agora estava ali perto de mim agachado. Olhando-me com seus olhos nada vazios... Eu quase não consegui sustentá-los, tinha muita coisa neles que eu não queria descobrir. Meu ar preso se foi e, vacilei. Você percebeu:
"Por que essa cara triste?"
"Essa cara triste é pra preencher o vazio...”.
Então você sentou ao meu lado e, olhou pro horizonte:
“Está amando?"
"Não!"
"Então por que esse desenho?"
E aponta para o desenho atrás de mim de um coração
"Esse coração... é só pra lembrar que estou viva."
Foi aí que você sorriu e, eu me vi escondendo o meu. Sorria por dentro, enquanto você dizia:
"Verdade... Afinal um coração a pulsar não é necessariamente amar, às vezes é preciso só respirar."

Foi aí que eu sorri. De verdade. Sorri para o sol, para o vento, para o céu. Para quem quer que fosse. Só para ver se você percebia meu coração batendo.



Por Aslien.