Com toda essa confusão eu acabei e esquecendo... Me desculpa!
Me esqueci de te parabenizar!
Me esqueci de te parabenizar!
Lembra quando a gente se viu pela primeira vez? Você tentava manter o controle da sua voz e dos seus movimentos e, eu pensava que era por conta do nervosismo de me ver. Era uma atriz em início de carreira concentrada no roteiro. E eu, com sérias tendências às dramatizações, entrei num filme sem saber de qual era a procedência e desenrolar da trama.
Os
olhares furtivos, o jeito desajeitado foram de oscar e, por isso já esperava
pelo beijo cinematográfico. A ficção
imita a vida, não é?
Que
engraçado, por alguns instantes assustadores, naquela época, me doeu pensar que
tudo poderia ter acabado sem começar. Também me senti entrando num mar,
agarrada à uma canoa e, só com meu coração despido e minha imaginação. Já tinha
enfrentado outros mares antes, mas igual à esse, nunca. Era assustador não
saber para onde ele ia me levar.
Mas
eu fui.
Algumas pessoas têm disso, né? Têm medo de baratas, mas não têm medo de mergulhar com o coração na mão.
Algumas pessoas têm disso, né? Têm medo de baratas, mas não têm medo de mergulhar com o coração na mão.
Lembra das coisas que me dizia e escrevia? Com certeza sim! Acho difícil você lembrar é do motivo; o porquê
você me dizia, né?
Tenho
que te parabenizar pelas sutilezas com as quais fazia questão de me fazer, como
para me lembrar de que você era de fato uma personagem forte e apaixonada. Você
doce como um pirulito; eu uma criança fascinada com a possibilidade de sentir as
cores por meio do açúcar (artificial).
Mas
sabe, tenho que te dizer que percebia alguns momentos de desconcentração. Não
foi assim um papel tão impecável como você gostaria. A verdade é que a verdade
sempre dá um jeito de aparecer. Eu sabia que estava no roteiro, não sabia qual
era o meu papel. Bom, no fim deu pra entender quase tudo. Você queria um
roteiro para se agarrar e, fez acreditar que era um romance a sua aventura
particular.
Talvez
tivesse sido uma boa ideia, só faltou considerar que os demais personagens eram
reais, com um coração real.
Sempre
achei que amar fosse algo enorme e de difícil compreensão. Poucos sabem se
entregar sem medo. Poucos pensam que o amor advém da sinceridade, do cuidado e
do enxergar o outro em sua plenitude. Mas você conseguiu algo muito mais
difícil; conseguiu encenar o amor da forma mais meticulosa possível; convenceu
à todos de que os olhos brilhavam de amor, que suas palavras transpareciam
sentimentos sinceros; que as coincidências eram na verdade destino e, portanto,
merece meus parabéns pela frieza e
contundência em seu desempenho por tanto tempo.