24 de julho de 2018

Pirulito, bate, arrasta, arrasa!


Com toda essa confusão eu acabei e esquecendo... Me desculpa! 

Me esqueci de te parabenizar!

Lembra quando a gente se viu pela primeira vez? Você tentava manter o controle da sua voz e dos seus movimentos e, eu pensava que era por conta do nervosismo de me ver. Era uma atriz em início de carreira concentrada no roteiro. E eu, com sérias tendências às dramatizações, entrei num filme sem saber de qual era a procedência e desenrolar da trama.

Os olhares furtivos, o jeito desajeitado foram de oscar e, por isso já esperava pelo beijo cinematográfico.  A ficção imita a vida, não é?
Que engraçado, por alguns instantes assustadores, naquela época, me doeu pensar que tudo poderia ter acabado sem começar. Também me senti entrando num mar, agarrada à uma canoa e, só com meu coração despido e minha imaginação. Já tinha enfrentado outros mares antes, mas igual à esse, nunca. Era assustador não saber para onde ele ia me levar.
Mas eu fui. 

Algumas pessoas têm disso, né? Têm medo de baratas, mas não têm medo de mergulhar com o coração na mão. 
Lembra das coisas que me dizia e escrevia? Com certeza sim!  Acho difícil você lembrar é do motivo; o porquê você me dizia, né?
Tenho que te parabenizar pelas sutilezas com as quais fazia questão de me fazer, como para me lembrar de que você era de fato uma personagem forte e apaixonada. Você doce como um pirulito; eu uma criança fascinada com a possibilidade de sentir as cores por meio do açúcar (artificial).

Mas sabe, tenho que te dizer que percebia alguns momentos de desconcentração. Não foi assim um papel tão impecável como você gostaria. A verdade é que a verdade sempre dá um jeito de aparecer. Eu sabia que estava no roteiro, não sabia qual era o meu papel. Bom, no fim deu pra entender quase tudo. Você queria um roteiro para se agarrar e, fez acreditar que era um romance a sua aventura particular.

Talvez tivesse sido uma boa ideia, só faltou considerar que os demais personagens eram reais, com um coração real.
Sempre achei que amar fosse algo enorme e de difícil compreensão. Poucos sabem se entregar sem medo. Poucos pensam que o amor advém da sinceridade, do cuidado e do enxergar o outro em sua plenitude. Mas você conseguiu algo muito mais difícil; conseguiu encenar o amor da forma mais meticulosa possível; convenceu à todos de que os olhos brilhavam de amor, que suas palavras transpareciam sentimentos sinceros; que as coincidências eram na verdade destino e, portanto, merece meus parabéns  pela frieza e contundência em seu desempenho por tanto tempo.