27 de dezembro de 2013

Entardecer.

Apareceu e se pôs depois das seis...
Será o medo da noite,
que não a deixa vislumbrar as estrelas?

Por Aslien.


1 de setembro de 2013

De vidro



E eu olho pra todos que passam na rua

com uma ânsia de encontrar seu rosto em algum deles...
Mas não encontro, cadê você?
Queria tanto que me olhasse de volta, que sugasse meus olhos com os seus.
Cadê seus olhos?
Como é possível não lembrar o carinho, aquele que se situou sutilmente
entre conversas, músicas, cafés, cinema...
Você não lembra?
Poxa, o simples não vigora.
O que há, será que passou da hora?
Ou o querer foi tanto que transbordou o frasco e se espalhou pelos ladrilhos do piso?

Por Aslien.
 

27 de agosto de 2013

Ser banquinho.

Seria legal ser um banquinho, as pessoas sempre se aproximam com satisfação e alegria de poder relaxar, às vezes até tem briga... Mas pensando melhor, ser um banquinho só traria uma satisfação momentânea. Sem falar que banquinhos normalmente são esquecidos debaixo do vento que bate no concreto. Banquinhos normalmente retilíneos são rasos. Acontece que existem pessoas que preferem o raso, pois dá pra sentar e descansar as pernas e, é muito mais fácil pra levantar e partir a qualquer momento. Mas pensa numa poltrona... Maravilha sentar, se perder e se entregar a uma poltrona. Pessoas de banquinhos rasos perdem todo processo de sentir as profundezas de uma almofada macia, macia. E como é boa a sensação de ter os braços de uma poltrona te envolvendo.

Por Aslien.

11 de julho de 2013

Delírios.

É bem verdade que o sofrimento é o estopim da revolução e que muitas vezes me iludi achando que eram mesmo iguais nossos sentimentos. Bem, era o que você me dizia quando eu insistia que "não". 2,66 é só peso do prato. Nada tem a ver com o coração.
Aliás, o que têm a ver com o coração?
Talvez apaixonados tenham a resposta, ou acham que têm. Eu achei que tinha.
Agora tudo parece breu, aliás, outra vez me pego desamparada onde só minhas visões e vislumbres de felicidade são os culpados.
Pois agora sim me vejo encurralada, se nem ao menos vislumbrar a felicidade eu posso sem no final me atormentar. Vive-las então, seria a morte.  Que, aliás, infelizmente, sob essa condição estaria longe de mim.
Basta-me reagir de alguma forma, já que nem mesmo assistir apática a tudo não me bastaria, só traria mais desgosto e sobreviver ficaria complicado, se me permite o eufemismo da palavra. Comecemos por conter lembranças suas. Colocar uma cerca de neurônios elétricos e treinados para não deixar você ultrapassar o limite de minha consciência. Todas elas. O primeiro momento em que fitei você sentado concentrado em sua tarefa, as pernas cruzadas, cabeça baixa, seus cabelos ligeiramente caídos nos olhos, mas dava pra ver eles contraídos em concentração. As vezes que eu saía mais cedo pra te ver. Ou quando peguei o ônibus para sua casa por impulso. Até o dia que você, por forças maiores, bem maiores que eu, porém, menores que meu amor te fez partir. E tudo o que disse no passado passou a doer e, estrangulou meu coração. Meu ser em colapso ficou procurando um por quê. Talvez fosse a diferença de “quereres”, enquanto meu desejo era estar com você, o seu era que eu fosse outra pessoa.
Depois colocarei foco. Meu objetivo é ser ouvida, é libertar! E bem verdade que multidões possuem maiores vantagens, a quantidade é estrondosa, mas para minha satisfação possuo as mesmas armas. Enquanto um milhão de canhões estiver atirando, estarei eu com o meu único canhão atirando também. E se ele atingir nem que for um ser humano, que provavelmente humano será de fato, já estarei perto daquilo que chamam felicidade. E poderei enfim “desaprisionar” meu cérebro, e estabilizar meu coração, que baterá em compassos calmos e gentis.

Por Aslien.


2 de maio de 2013

Parte II




Deitado na cama ele via todos os momentos bons com grande pesar, seu caminho durante dois anos completos finalmente o levaram para lugar nenhum.  As pessoas são completamente loucas! Parecem agir sempre de um jeito e pensar de outro, qual é o problema delas? Que complicação. Por que simplesmente o carro não passou por cima dele? Mordeu na barra de chocolate. O quarto parecia estar ouvindo-o com atenção, pois permaneceu em silêncio.

Dias que passavam como noites e noites que passava como os dias, acordado, com a diferença de que não estava num clube, ou no trabalho, mas sim na cama o que era extremamente fatigante.
Será possível se atormentar tanto assim?
De repente ele só queria morar num mundo FICTÍCIO, onde pudesse ter pessoas sinceras, que apenas dissessem "adeus, gosto de outro (a)" ou "desculpe, não sinto o mesmo, melhor me esquecer!"sem fazer com que ele acreditasse do contrário. Um mundo que ele não precisasse usar ataduras por ter entregado a alma para alguém que a devolveu em pedaços; ataduras aos quais ele procurou desesperadamente no banheiro, depois no quarto sem sucesso.

Sim, ele era um romântico desvairado.

Por Aslien.

Parte I

Em uma sala de espera, ele observava a avó e neta fazendo o dever de casa, digo, a avó ajudava:
-- Descubra o intruso...  – leu a neta.
-- Isso! Você sabe o que um intruso?
-- Gente chata!
-- Não... Intruso é aquele que não devia estar em determinado lugar...
Ele se pegou rindo, um sorriso de canto de boca. Engraçado... “Gente chata” poderia muito bem ser um intruso... O sorriso se foi. E um intruso poderia ser muito bem ele mesmo na vida de outra pessoa. Na verdade de uma pessoa em específico.  O peso foi tomando seu corpo, os olhos contraíram e a garganta doeu. Não era o momento, pensou. E estava certo, pois foi chamado no mesmo instante.
O peso do corpo na caminhada de volta pra casa era tudo o que ele conseguia sentir, além do sol quente no rosto que deixava seu rosto mais franzido e propício para um derramar de lágrimas que seria lastimável.  Pensou na roupa que iria usar no dia seguinte, pensou em como tinha sido seu dia anterior e seu fim de semana, pensou em tudo que era preferível pensar já que a mente não descansa e, na verdade às vezes ela nos cansa, mas isso era melhor não pensar senão ia ficar mais cansado do que já estava. E antes que pudesse se dar conta de que o sinal à frente estava fechado fazia 20 segundos, saiu em disparado percebendo no mesmo instante que calculara mal, e já estava no meio da pista e seria loucura parar no meio da pista! Continuou correndo. Nisso buzinadas e xingamentos foram a música de fundo, de um perfeito atropelamento, se não fosse o motorista um senhor já de 50 anos e sem coordenação motora pra xingar, buzinar e acelerar ao mesmo tempo.
Ele se viu do outro lado, já na calçada indiferente ao que tinha acabado de acontecer... Havia escapado e, por um triz... Seus olhos se encheram de lágrimas. O que? Lágrimas? Pareceram completamente inadequadas num momento como aquele, um sorriso de alívio seria o normal.
As lágrimas vieram com força, seu peito estava apertado, seu coração inchado, seu corpo pesado e sua alma vazia... Deus do céu! Ele queria ter sido atropelado! Se viu estirado no chão sentindo seu último sopro de vida chegar e era como o auge da felicidade. Esse desejo só lhe deixava mais aflito. Era produto de uma vida vazia, de esforços fracassados, apenas um intruso.

Por Aslien.

14 de março de 2013

Náufrago.



O que mais retorce o coração é admitir que tinham razão, e todo esse tempo eu quis provar  à todos que estavam errados quando diziam “ Ele não gosta de você...”. Pra mim não eram eles que decidiam alguma coisa, era nós. E nunca pensei que agora haveria um estômago vazio entre nós... Pensei que nesse tempo todo tivéssemos a mesma intenção, mas descubro que não era bem assim. Eu queria e por isso eu usei todas as minhas forças pra te manter em pé comigo, tentando não ver que meu esforço era em dobro e, que você só andava do meu lado porque não tinha rumo. E fazia sem ao menos receber uma confirmação sua. Eu andava no vazio achando que estava rodeada de alguma coisa. Bastava uma dose de indiferença de minha parte pra te ver longe...  Uma pena que tenha sido assim, e que eu tenha me esforçado em acreditar tanto em algo sozinha. De fato, era desigual. Eu ainda estou tonta com o baque, e creio que vá demorar pra eu me sentir bem de novo, mas não se preocupe que seu valor pra mim vai passar a ser o mesmo que fui pra você, uma simples sombra na parede em um mundo de “verdade”.

Por Aslien.





5 de março de 2013

Coração cheio.


Ao chegar a casa cansado do dia de trabalho, cabeça vazia e coração cheio, ele trancou as portas e abriu a janela. Cotidiano. Chega de tanto ar comprimido!
Pois bem, resolveu deitar no sofá mesmo, não era ruim, quando levantava nem doíam as costas. Doía uma coisa que nem mesmo ele sabia.
Já foi dito que amar é um verbo intransitivo, não se manda amar, não se obriga amar quem não te ama. Nada de verbo imperativo. Intransitivo, porque não tem por que nem razão em querer bem alguém que é seu bem, às vezes com alguns contratempos, mas seu bem. Nem mesmo transitivo direto, seco, mirado, já antecipado. Nem indireto, mecanizado, arranjado... Intransitivo, único, invariável, imperecível.
Bem sabe que a janela aberta proporciona um frescor, alivia o bafo, é tanto que logo se vê um homem adormecido de seus desejos mais sinceros, inebriado por sonhos frustrados. Não sei bem que horas ele acorda. O que se sabe é que o sofá permanecerá ali, para que lhe possa amparar um coração cheio mas com a cabeça vazia.

Por Aslien. 

3 de janeiro de 2013

Horizontes da felicidade.

Cabe à mim abrir
Cabe à mim sorrir
Cabe à mim sentir
Dividido os horizontes
Pela grade dos falantes
Mal percebe e se espreme
És bem pequena, mal se expressa.
O céu é bem grande, a mata é bela, verdejante!
E está lá!
Lá no horizonte julgado longe.
Mas ao abrir a porta fechada
Ao sorrir e sentir-se abestada
Senti o vento quente de lá.

Por isso digo!

Abrir, em mim cabe.
Sorrir, em mim cabe.
Sentir, em mim cabe.
Amar, à mim cabe.

Por Aslien.