É bem verdade que o sofrimento
é o estopim da revolução e que muitas vezes me iludi achando que eram mesmo iguais
nossos sentimentos. Bem, era o que você me dizia quando eu insistia que
"não". 2,66 é só peso do prato. Nada tem a ver com o coração.
Aliás, o que têm a ver com o coração?
Talvez apaixonados tenham a
resposta, ou acham que têm. Eu achei que tinha.
Agora tudo parece breu, aliás,
outra vez me pego desamparada onde só minhas visões e vislumbres de felicidade
são os culpados.
Pois agora sim me vejo
encurralada, se nem ao menos vislumbrar a felicidade eu posso sem no final me
atormentar. Vive-las então, seria a morte.
Que, aliás, infelizmente, sob essa condição estaria longe de mim.
Basta-me reagir de alguma
forma, já que nem mesmo assistir apática a tudo não me bastaria, só traria mais
desgosto e sobreviver ficaria complicado, se me permite o eufemismo da palavra.
Comecemos por conter lembranças suas.
Colocar uma cerca de neurônios elétricos e treinados para não deixar você
ultrapassar o limite de minha consciência. Todas elas. O primeiro momento em
que fitei você sentado concentrado em sua tarefa, as pernas cruzadas, cabeça
baixa, seus cabelos ligeiramente caídos nos olhos, mas dava pra ver eles
contraídos em concentração. As vezes que eu saía mais cedo pra te ver. Ou
quando peguei o ônibus para sua casa por impulso. Até o dia que você, por
forças maiores, bem maiores que eu, porém, menores que meu amor te fez partir.
E tudo o que disse no passado passou a doer e, estrangulou meu coração. Meu ser
em colapso ficou procurando um por quê. Talvez fosse a diferença de “quereres”,
enquanto meu desejo era estar com você, o seu era que eu fosse outra pessoa.
Depois colocarei foco. Meu
objetivo é ser ouvida, é libertar! E bem verdade que multidões possuem maiores
vantagens, a quantidade é estrondosa, mas para minha satisfação possuo as
mesmas armas. Enquanto um milhão de canhões estiver atirando, estarei eu com o
meu único canhão atirando também. E se ele atingir nem que for um ser humano,
que provavelmente humano será de fato, já estarei perto daquilo que chamam
felicidade. E poderei enfim “desaprisionar” meu cérebro, e estabilizar meu
coração, que baterá em compassos calmos e gentis.
Por Aslien.