28 de setembro de 2015

Insaciável.

Todo dia pela manhã acordava suada, um suor causado pelo esforço que fazia pra sonhar e, também é claro, devido a frente de calor que se alastrava naquela época. As noites se resumiam a busca por sonhos doces e os dias seguiam quentes mas sem o calor, no sentido não usual da palavra. Vestia-se com uma blusa branca e short azul de seda, mas encontrava-se despida de acalentos. Sua mais recente saída acarretou-lhe uma bolha no pé. Por onde andava ultimamente havia muitas pedras; uma arena de fogo; costumava andar pois tinha ganas de ver uma flor surgir ou de receber um jato de vento fresco no rosto. Como é bom um vento no rosto! Sentia saudades do beijo do vento, que na sua cidade era seco deveras, porém aconchegante.  Ao longe, entretanto, só via um precipício... Até quando? O que fazer quando chegar lá? Pula? Corre? Foge? Grita? Oh céus! Oh, nosso senhor dos planetas!
Então ela se sentava a mesa para o desjejum. Antes, porém, olhava o jarro de flores a sua frente e depois a janela. Aguardava o cometa que disseram que viria para auxiliar na sua travessia. Depois comia, pois tinha fome.
(Diante de seus gritos responderam: "..etas...etas...").
Insaciável.


Por Aslien.