5 de março de 2013

Coração cheio.


Ao chegar a casa cansado do dia de trabalho, cabeça vazia e coração cheio, ele trancou as portas e abriu a janela. Cotidiano. Chega de tanto ar comprimido!
Pois bem, resolveu deitar no sofá mesmo, não era ruim, quando levantava nem doíam as costas. Doía uma coisa que nem mesmo ele sabia.
Já foi dito que amar é um verbo intransitivo, não se manda amar, não se obriga amar quem não te ama. Nada de verbo imperativo. Intransitivo, porque não tem por que nem razão em querer bem alguém que é seu bem, às vezes com alguns contratempos, mas seu bem. Nem mesmo transitivo direto, seco, mirado, já antecipado. Nem indireto, mecanizado, arranjado... Intransitivo, único, invariável, imperecível.
Bem sabe que a janela aberta proporciona um frescor, alivia o bafo, é tanto que logo se vê um homem adormecido de seus desejos mais sinceros, inebriado por sonhos frustrados. Não sei bem que horas ele acorda. O que se sabe é que o sofá permanecerá ali, para que lhe possa amparar um coração cheio mas com a cabeça vazia.

Por Aslien. 

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